terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Antes do depois - ou de como o poeta passou a morar no meu avesso -

Foi assim...
O encontrei quase menina, e suas palavras silenciaram por dentro de mim… Difícil descobrir que coração não toma sol...
Percorri suas páginas como pedaços dele mesmo, sem vendas nem segredos.
Tive certeza de que onde tem fada, tem bruxa, porque conviver não é nada fácil. Aliás, muitas vezes a vida é mesmo uma faca afiada!
Fui seguindo olhando seus voos de longe, esvoaçando meus mergulhos através de suas palavras. Sempre distantes como o peixe e o pássaro. Sempre iguais em nossas diferenças...
Aprendi sobre os domingos e as borboletas. Sobre o Menino de Belém, suas Escrituras e as variadas Correspondências com a realidade, porque afinal as palavras sabem muito mais longe!
Um menino revestido de suas imaginações, Mário, mostrou-me suas poesias guardadas, segredou-me que ele era um menino meio chorão, um indez. E alertou para que eu estivesse sempre preparada, porque até passarinho passa...
Madura, li sua infância, descobrindo nela que a tristeza também é possível.
Sua presença me acompanha até hoje, em cada fio branco que irrompe, cada marca do tempo que emoldura minha face, cada minuto em que respiro...
Às vezes trago as emoções em desalinho tão doce e grandiosa é sua falta.
Seu nome é sua história.
Sua história uma vida que sei por ouvir dizer, mas sua mensagem, tenho certeza, revela que ele era e será sempre um menino inteiro!

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Esses são apenas meus apontamentos.
Ele é único para cada um dos que o viram/ouviram e seguem sentindo. Afinal nascemos livres para o sentir. Ufa!
Em mim ele mora como a árvore. Carbonado em meus passos mais fortes. Os que me asseguram equilíbrio e força.
Sigo como sua poesia, sem eira nem beira até que outros olhos escrevam novos livros com suas leituras.
E isso é o que mais aumenta meu amor por ele, mais me iguala ao supérfluo de sua existência intensa, interna, inteira. Interina nesta terra...
Quando amamos somos igualzinhos, não é verdade?!
E cá estamos: escrevendo, lendo e criando novos livros. Uma história em três atos, sempre.
Mas, já estou falando demais.
Sua obra é para ler em silêncio.
Pega o meu e continue o fio da palavra.

O fio da palavra Bartô...


A primeira parte do texto nasceu em 16 de janeiro de 2013, um ano sem Bartô...
O restante escrevi o seu projeto “Poesia no Parque”, de José Prado, que no sábado, 25 de janeiro, homenageou Bartolomeu Campos de Queirós. 
  


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